Introdução Alimentar
Gentil e Responsiva
Os meus desafios da maternidade e introdução alimentar
Deixa eu te contar um pouco sobre a minha história…
Eu sempre sonhei em ser mãe. Costumo dizer que Guilherme foi sonho mais sonhado da minha vida. Foram 2 longos anos de tentativas, insegurança, esperança e fé. Até que um dia fui surpreendida com o tão esperado resultado positivo. Descobri que guardava em meu ventre um grande milagre de Deus, o meu tão sonhado filho.
Gui chegou numa noite cheia de amor, ao lado das pessoas que mais amo nessa vida. A partir daí, a minha vida mudou completamente e me deparei com os desafios da maternidade, puerpério e amamentação. Foram 3 longos meses de dificuldades, dores, amadurecimento e superação. Amamentar Guigui foi e vai além de qualquer teoria. O quanto eu aprendi com essas dificuldades. Aprendi a não julgar e a compreender que cada mulher tem sua história, que merece ser respeitada e verdadeiramente apoiada. Apoio sincero e verdadeiro. Apoio de escuta, toque, abraço e olhar.
O tempo passou, os desafios com a amamentação foram superados e então chegamos à tão esperada fase da introdução alimentar.
Sempre acreditei que, independente de métodos para introduzir os alimentos (BLW, participativo ou tradicional), o mais importante seria a forma de olhar para o meu filho, de respeitar o seu tempo e de oferecer os alimentos para ele. Para mim, o respeito ao tempo do bebê é um dos pilares mais importantes da introdução alimentar (IA).
Na IA do Guigui, ofereci alimentos amassos (oferecidos com a colher) e inteiros (para ele pegar e ter a oportunidade de participar mais ativamente de sua refeição). Eu oferecia e ele decidia se iria comer e a forma como preferia receber (se recebendo uma colher em sua boca ou se ele mesmo pegando os alimentos e levando à sua boca). Eu observava como ele preferia receber os alimentos e como ele ficava mais à vontade para que a sua introdução alimentar fosse mais gentil e responsiva.
Ah! Você não está sozinha(o)! Nas primeiras semanas de introdução alimentar, Guigui:
– Brincava mais do que comia;
– Esmagava os alimentos e os jogava no chão;
– Fazia caretas;
– Fazia vários GAGs (como se fosse uma ânsia de vômito – na verdade é um reflexo protetor do engasgo);
– Fechava a boca e não aceitava a colher. Preferia ele mesmo pegar e brincar com os alimentos – no início.
Aos 8 meses foi quando ele começou a se interessar mais pela comida e eu via que ele estava evoluindo sempre. Mesmo que comendo pouco e brincando mais. Tudo estava acontecendo no seu tempo.
Sempre converso com as famílias que me encontram, que o segredo da introdução alimentar está no respeito, paciência, oportunidade e empatia com o bebê. Considero que esses são os pilares da introdução alimentar!
tempo
Para rolar, sentar, engatinhar, ficar de pé, andar e falar. TEMPO para aprender a comer e estabelecer uma rotina de refeições.⠀
respeito
Respeitar os sinais de fome e saciedade do bebê, seu tempo e desenvolvimento.⠀
paciência
Com a brincadeira, com a sujeira, com cada cuspida, cada vez que vira a cabeça e não quer mais comer.⠀
oportunidade
TODO bebê precisa de OPORTUNIDADE para conhecer os alimentos.
empatia
Fazer o exercício diário de se colocar no lugar do bebê pode ajudar muito na forma como oferecemos os alimentos, reduzir as nossas expectativas e ansiedade.
Antes de ser mãe eu já estudava bastante sobre introdução alimentar e também ajudava tantas famílias nessa fase tão desafiadora e cheia de descobertas para o bebê e sua família. Mas, a vivência prática com a introdução alimentar do meu filho trouxe ainda mais aprendizado e uma nova forma de olhar o bebê, o cuidador (pais, mães, avós, tios, babás…) e o comportamento de ambos (cuidador e bebê) no momento da refeição. Indo muito além das teorias e valor nutricional dos alimentos.
Por isso, decidi escrever o e-book “Alimentação do bebê: introdução alimentar gentil e responsiva”, pois acredito que a forma como o bebê é alimentado pode fazer toda a diferença em como ele se relacionará com a comida durante a infância e vida adulta.
Foi um prazer compartilhar minha história com você! Espero que esse conteúdo faça diferença em sua vida.
Sobre
Amanda Guimarães
Mãe do Guilherme e nutricionista infantil. Graduada em nutrição pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), especialista em nutrição clínica pelo programa de residência do IMIP/PE (hospital de referência em pediatria) e mestre em saúde da criança e do adolescente (UFPE). Apaixonada pela nutrição infantil, atualmente atende bebês, crianças e adolescentes com ênfase em introdução alimentar, alergias alimentares, alimentação do pré-escolar, escolar e adolescente, dificuldades alimentares e obesidade. Ministra aulas de pós-graduação e cursos sobre nutrição infantil para profissionais de saúde e estudantes de nutrição. Idealizadora do Projeto Semear Nutrição Infantil.
Semear Nutrição Infantil
Semear Nutrição Infantil é um projeto que foi idealizado com o objetivo de levar para famílias, estudantes e profissionais de saúde o que há de mais atualizado em nutrição infantil. Informações de qualidade baseadas em estudos científicos e na vivência prática de profissionais referência na área. Com materiais de apoio para educação nutricional de crianças e vídeos com orientações sobre alimentação para bebês, crianças e adolescentes.
Ebook
O livro Alimentação do bebê: introdução alimentar gentil e responsiva foi desenvolvido com muito amor e dedicação para que cada família, estudante e profissional de saúde tenha a oportunidade de enxergar a introdução alimentar sob um novo olhar, o olhar da criança.
Vamos conversar sobre introdução alimentar responsiva, aquela que considera a relação, comportamento e comunicação do binômio cuidador-bebê no momento da refeição. Muito além dos aspectos nutricionais. Conversaremos sobre a importância de desenvolvermos empatia e de nos colocarmos no lugar da criança nessa fase tão linda, de descobertas e de tantos desafios não apenas para o bebê como para seus pais/cuidadores.
O objetivo é trazer uma visão totalmente prática sobre introdução alimentar e por isso, além de conversarmos sobre como alimentar os bebês de forma responsiva, também traremos algumas orientações sobre como conduzir a introdução dos alimentos.
Essas orientações servirão como um guia para as famílias com o intuito de ajudá-las nessa fase de descobertas. Mas, lembro que cada família e cada bebê são únicos. Então, essas informações poderão ajudar as famílias de diferentes formas, cada uma com suas particularidades. Todas as orientações contidas neste livro são baseadas nas diretrizes brasileiras sobre alimentação para bebês (alimentação complementar) e contam com a minha vivência prática como mãe e nutricionista infantil.
Sumário
– Um recadinho cheio de amor e empatia para a família
– Aleitamento materno
– O bebê completou 6 meses. E agora? Pilares da introdução alimentar
– Qual é o melhor método de introdução alimentar?
– Preciso seguir regras para iniciar a introdução alimentar?
– Introdução alimentar responsiva
– Por que falarmos sobre introdução alimentar gentil e responsiva?
– Para refletirmos
– Interação cuidador-criança no momento da refeição
– Componentes da alimentação responsiva
– Sinais de fome e saciedade dos bebês
– Divisão de responsabilidades na introdução alimentar
– Alimentação do bebê
– Introdução alimentar gentil e responsiva
– Quando iniciar a introdução alimentar
– Refeições compartilhadas (refeições em família)
– Paciência
– Consistência dos alimentos oferecidos
– Progressão da consistência
– Como oferecer os alimentos (além de amassados)
– Como adaptar os alimentos (alguns tipos de cortes)
– Algumas formas de apresentar os alimentos
– Que alimentos oferecer
– Grupos alimentares
– Quais são as carnes e ovos que poderemos oferecer?
– Quanto oferecer de alimentos por refeição?
– Aceitação alimentar
– Água
– Tipos de gordura para cozinhar e refogar
– Uso de temperos naturais para o preparo de alimentos
– Quantas e quais refeições podem ser oferecidas ao dia?
– Conteúdo das refeições principais
– Como apresentar os alimentos no prato
– Horários das refeições e estabelecimento de rotina
– Utensílios: quais usar?
– Engasgo
– Higiene no preparo dos alimentos
– Como higienizar frutas e hortaliças
– Técnicas de congelamento e descongelamento de alimentos
– Posso congelar vegetais?
– Conservação dos alimentos
– Tempo de armazenamento dos alimentos
– Como descongelar os alimentos/preparações
– O que não oferecer à criança
– Mais algumas orientações importantes sobre introdução alimentar
– Dúvidas frequentes
– Bebês podem consumir mel?
– Bebês podem consumir coco/água de coco?
– Suco pode ser oferecido na introdução alimentar?
– Ovo pode ser oferecido a partir de que idade?
– Posso congelar a comida do bebê? Haverá perda de nutrientes?
– Posso usar micro-ondas para esquentar as comidas do bebê?
– Cadeira de alimentação: qual escolher?
– Meu bebê tem alergia alimentar. Devo conduzir de forma diferente introdução de novos alimentos?
– Bebês podem consumir castanhas, amendoim, nozes e amêndoas?
– Bebês podem consumir frutos do mar?
– Receitas